Existem várias opções para ir para Machu Picchu. Você pode fazer um bate-e-volta de trem parando em Aguas Calientes, caminhar pela hidrelétrica ou mesmo ir de bicicleta, além outras opções mais aventureiras, como passar por Choquequirao, cidade irmã de Machu Picchu. Mas nós tínhamos o sonho de fazer a caminhada mais famosa da América do Sul, a Trilha Inca.
Leia também nosso Roteiro de Viagem por Cusco e o Vale Sagrado dos Inca, Pucapucara, Q’enqo, Saqsaywaman e Pisac no Peru.
Logo no início de nossa pesquisa, eu vi que a duração da Trilha Inca para Machu Picchu era de 4 dias e 3 noites. Mas que esperar dessa pequena aventura? Eu sempre gostei de fazer trilhas, ficar horas andando no meio da mata e conhecer lugares, mas eu não tinha ideia de como seria ficar tanto tempo assim, ainda mais com mochila pesada e material de acampamento.
Então decidi contratar uma agência de turismo que tivesse boas indicações e com o quesito segurança como fundamental, já que minha asma aumentava ainda mais o risco. Eu queria ter certeza que se desse algum treco em mim, eu não ficaria na pior… Vai saber se o guia se enche de mim e me enterra em uma das ruínas que passamos pelo caminho. Que drama não? 😛
Mas depois de ler muitos guias (lembrem que em 2005 não existiam muitos livros publicados e muito menos blogs de viagem), nós decidimos contratar o pessoal da SAS Travel. Resumindo, eles foram super competentes e o guia foi super, mas super paciente comigo. Eles ainda estão em funcionamento e se eles continuam com a qualidade com que nos foi apresentada, vale muito a pena. Não é o custo mais baixo, mas a segurança e referências contam muito nessa hora.
Caso queira comparar, hoje em dia existem várias agências com o mesmo serviço:
Nós contamos mais sobre essa aventura no nosso Podcast Histórias de Viagem, não deixe de ouvir!
Trilha Inca para Machu Picchu
E lá fomos nós… Foram 48 km em 4 dias!
A SAS Travel tinha todo o aparato, como barracas para dormir, a tenda das refeições e periféricos, que eram montados e desmontados pelo staff em um ritmo que parecia passe de mágica. As refeições eram boas e sempre animadas. Eu aluguei um colchão térmico com eles, porém levie o meu saco de dormir. A única besteira que fiz foi não contratar um carregador para a minha mochila e isso acabou pesando no final.
1° dia – Saída de Cusco, entrada pelo Km 82 e primeira noite de acampamento
O périplo começa com a saída de Cusco de madrugada, quando embarcamos num ônibus em direção a Piscacucho, também conhecido como Km 82, lugar de onde realmente começa a trilha inca. No meio do caminho nós paramos em Urubamba para tomar um café da manhã e conhecer a equipe que nos acompanhou. Apesar do sono, essa parte da viagem já é bastante linda. É possível ver parte do Vale Sagrado e a cidade de Ollantaytambo.
Enfim no Km 82, junto com guias, equipe e outros aventureiros, nós finalmente demos início a caminhada que iria durar 4 dias.
Nós demos bastante sorte do tempo estar bom e os 12 quilômetros do dia serviram para aclimatar e nos preparar para o dia seguinte, que já sabíamos que seria pauleira. Enquanto isso aproveitamos para admirar a paisagem, ver alguns sítios arqueológicos e tirar fotos.
Ao final do dia, nós chegamos ao nosso acampamento, experimentamos os primeiros banhos usando só Baby Wipes e a noite com um céu estrelado maravilhoso.
2° dia – Quase Two Dead Woman’s Pass à 4200 de altitude
Aí meu amigo, o segundo dia foi dureza, nosso objetivo era chegar no ponto mais alto da trilha inca. E sair de 3000 m até 4200 m de altitude foi demais para o meu pulmão cansado. A passagem pela montanha Warmiwañusca, que também é chamada Dead Woman’s Pass, quase teve que mudar o nome para Two Dead Woman’s Pass.
Eu simplesmente não conseguia respirar o ar rarefeito maledeto. Eu tinha que parar a cada 20 passos. A única vantagem é que consegui apreciar bem a trilha. O grupo teve paciência, o guia teve muita paciência e depois de uma hora a mais da chegada do grupo, eu cheguei no topo. Acabada, mas feliz, eu venci!
Enquanto eu me arrastava o Jorge fez amizade com uma ave local. Eu só queria cama, mas ainda toda a descida até o próximo acampamento, onde tivemos o segundo dia de banho com Baby Wipes… Cheirinho tava bom.
Infelizmente o tempo virou no final desse segundo dia e começou a chover bastante. Quem disse que julho é a época seca para a trilha tá de sacanagem.
3° dia – Chuva gelada na selva e um banho quente
No terceiro dia de caminhada, que fica na área de selva mais fechada, choveu o dia inteiro! Não teve bota impermeável ou roupa que aguentasse, que não ficasse encharcada, mas a paisagem do local valeu o esforço. Nós passamos por várias ruínas incas e alguns mirantes naturais que recompensaram cada xog xog da meia molhada.
A sorte é que nessa última noite, nós fomos presenteados com um banho. E com água quente! Claro que devidamente pago à parte, mas eu fiquei tão feliz, você nem imagina. Além disso, o acampamento tinha um restaurante, onde o grupo se reuniu para beber chá e um refri, com direito a discursos, histórias e muita risada.
Alimentados, quentinhos e limpos, nós fomos dormir sob as estrelas antes de chegar a Machu Picchu.
4° dia – Enfim a cidade perdida de Machu Picchu!
Acordamos bem, mas bem cedo mesmo, por volta das 4 horas da matina. O objetivo inicial era chegarmos em Machu Picchu com o nascer do sol, mas o tempo estava nublado. Ás vezes São Pedro que não colabora, mas de qualquer foi uma experiência linda.
Eu nunca andei em uma trilha tão rápido e ainda no breu total. Subir aquelas escadas e não cair nenhuma vez foi um grande mérito para mim, mas chegar ao Portão do Sol e ver a Cidade Perdida com sua famosa montanha ao fundo valeu cada músculo dolorido.
Enfim o maridoviski, nosso amigo Jorge e eu estávamos em Machu Picchu, a famosa cidade sagrada dos incas! E é para comemorar, já que a trilha não é fácil e mesmo quem tem um bom preparo físico acaba se esforçando bastante por esse caminho clássico.
Em Machu Picchu, nós tivemos um rápido tour pelos pontos mais importantes com o guia e depois algumas horas para explorar o lugar sozinhos. Foi bem legal, pois mesmo acabados, nós subimos a Wayna Picchu e tivemos uma vista muito bonita de toda a área.
Depois de ficarmos umas 6 horas andando e tirando fotos, era hora de descermos para Águas Calientes. Um micro ônibus estava nos esperando e assim fomos serpenteando montanha abaixo. Em almoçamos em Águas Calientes, demos um pequeno giro pelo centro e fomos para a estação de trem onde pegaríamos o trem em direção a Ollantaytambo e enfim um ônibus para Cusco. Tudo bem organizado e tranquilo.
Chegamos em Cusco já a noitinha e nos restou apenas tomar um banho, sair para comer algo e descansar para a próxima parada, a cidade branca de Arequipa e o Canion del Coca.
Leia também nossa viagem para a cidade de Copacabana na Bolívia e também a cidade de Puno no Peru, onde visitamos os principais pontos turísticos do Lago Titicaca.
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As fotos desse post são de nosso amigo Jorge Akimoto, que nos acompanhou nessa aventura.
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