Todas às vezes que estivemos em países onde a religião com maior adeptos é o islamismo a pergunta mais frequente foi “É seguro?”. Pensando nisso, eu resolvi escrever um pouco sobre essas experiências e nossas impressões de turistas nesses lugares.
Nós já estivemos em três países muçulmanos e, diferente dos “pacotes de viagens” comuns, sempre ficamos por um tempo mais longo:
- Dubai e Abu Dhabi – 11 dias
- Marrocos – 10 dias
- Turquia – 13 dias
Sobre a primeira pergunta: sim, nós nos sentimos bastante seguros durante essas viagens, mas é bom ressaltar que diferentemente do que costumamos fazer ao visitar outros países, para alguns passeios não encaramos o trajeto sozinho e contratamos agências de viagens para nos levar.
Mas vamos explorar alguns temas.
O papel da mulher na sociedade
É visível que as mulheres possuem um papel menor, todas as lojas, vendas e mesmo restaurante tem homens como atendentes. Além de encontrar mulheres cuidando de seus filhos ou atividades da casa, que podem incluir fazer compras, você encontra apenas na cozinha, hotéis ou cooperativas. Claro que se você for para centros mais modernos da cidade e lugares como Shoppings ou lojas de marcas multinacionais irá encontrá-las trabalhando, mas aí saímos do tradicional de cada país.
Do pouco que vimos do dia-a-dia dos moradores, podemos destacar dois causos:
- Sabe aqueles videos e notícias de bares somente com mulçumanos, onde a presença da mulher é evitada, sim, eles existem. Até mesmo para nós homens turistas, entrar nesses lugares, nem que seja para tomar um chá, é quase amedrontador.
- Estávamos fazendo um tour em Marrocos e reparamos que nas escolas, as meninas estavam usando um jaleco branco. Eu perguntei para nosso guia sobre isso e ele disse que isso servia para que as meninas não se destacassem uma duas outras e os meninos as respeitassem por igual. E, sim, os meninos não possuem nenhuma regra de vestimenta.
Desigualdade social entre pobres e ricos
A diferença entre as condições de vida na sociedade desses países é muito mais gritante até mesmo do que no Brasil. É muito mais comum ver pessoas extremamentes ricas e pessoas extremamentes pobres vivendo num ambiente urbano próximo.
Não é uma pobreza e falta de condições de vida que vemos nas favelas paulistas e cariocas, é como se juntássemos os ricos de Moema com aquelas imagens de miseráveis no interior nordestino.
Sim, eu sei, posso ter exagerado um pouco, mas vamos a mais causos:
- Na viagem para Marrocos vivenciamos por duas vezes o trânsito de Marrakesh ser alterado completamente, liberando ruas principais inteiras, por que o rei (sim o REI) de Marrocos ia passear com seu carro, que não pode dividir a via com mais ninguém, e ao mesmo tempo, vimos trabalhadores usando burricos para suas cargas.
- Em Dubai é muito comum ver bilionários com suas Lamborghinis e Mclarens na mesma via que os trabalhadores que morrem aos montes nos canteiros de obras de construções faraônicas.
E sim, existem muitos pedintes nas ruas das cidades.
A influência religiosa na sociedade
Sabe o medo que temos do aumento de poder da Bancada Religiosa em Brasília? Nesses lugares isso é mais do que realidade, é regra, lei e modo de vida. Mesmo na Turquia que é um país com bastante influência ocidental, já que metade de seu território fica na Europa, a religião está em cada detalhe do dia-a-dia.
Em todos as cidades que visitamos é possível ver muitas (sim, muitas) mesquitas espalhadas com seus minaretes e alto-falantes entoando orações o dia todo. Em Marrocos, nós éramos acordados todos os dias as 5h30 da matina por uma dessas “torres cantantes” que ficava ao lado do Riad que nos hospedamos.
Um dos riscos da religião interferir na socidade:
- Na Turquia, estávamos conversando com o guia e ele comentou que com a mudança do governo e aumento da bancada religiosa, até mesmo as professoras nas escolas estavam sendo de alguma maneira atingidas. Ele contou que as mulheres que não usavam véu para esconder os cabelos estava sofrendo por preconceitos e mesmo aquelas que não seguiam essa tradição, passaram a utilizá-la.
Apesar disso, é muito comum encontrar diversos tipos de seguidores do islamismo, desde aqueles onde as mulheres usam burcas tão fechadas que não se vê os olhos, até aquelas em que as mulheres se vestem de maneira mais normal.
Voltamos ao tema da segurança de viajar
Como afirmei lá em cima, nós nos sentimos bastante seguros em nossas andanças e usamos guias turísticos para fazer alguns dos passeios. Nas ruas, mesmo a noite, não tivemos impressão de perigo que temos ao andar em São Paulo, mas claro que tomamos o cuidado de andar nas áreas turísticas e sermos discretos o bastante ao passarmos em frente a mesquitas ou outras áreas religiosas. E, sim, claro que havia sinais para tomarmos cuidade com batedores de carteira e furtos, como em qualquer cidade com alto fluxo turístico.
O único causo que podemos destacar:
- Ao tentar visitar as áreas judias de duas cidades em Marrocos, Essaouira e Marrakesh, tivemos recomendações de que estávamos saindo da área segura da cidade e realmente parecia ser um lugar pior cuidado e mais perigoso. Não sei se era preconceito muçulmano ou se realmente existe esse perigo.
Como estávamos em família, não tivemos nenhum problema com assédio (a não ser das constantes e abusivas abordagens de vendedores), porém lemos que mulheres viajando sozinhas correm muito mais esse risco.
É bom afirmar que mesmo passeando por vários dias nesses países, nossa visão é de turistas e não residentes locais, e os países muçulmanos que visitamos são destinos que estão acostumados a receber muitos viajantes com outras religiões e crenças.
E apesar de parecer que só destaquei pontos ruins, como pode ler em nossos posts, nós gostamos muito dessas viagens e recomendamos a visita, principalmente pela experiência de conhecer lugares com tamanha diferença do nosso dia-a-dia.
Além do mais, não é também para isso que viajamos?
Quer ler um pouco mais, o blog Tire a Bunda do Sofá conta sua viagem para a cidade de Casablanca em Marrocos.
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Camila Torres diz
Essa de fechar a rua pro rei passar acontece em Brasília também 😒
Dizem que é pra proteção da autoridade.
E não acho que a desigualdade social tenha a ver com o islamismo, mas com a distribuição de renda mesmo.
Edson Amorina Jr diz
Que interessante, eu não sabia que isso ocorria em Brasilia, ignorância… legal saber.
Eu também acho que o problema maior é a distribuição de renda, mas acredita que quando se mistura religão (qualquer uma) com política, as coisas tendem a piorar.
Mariana diz
Adorei o post! Também estive na Turquia em 2012 e senti muita segurança. Agora eu acho que não voltaria, infelizmente a situação está bem turbulenta. Uma pena, o país é lindo e as pessoas são maravilhosas.
Edson Amorina Jr diz
É… você citou um ponto importante. Tem que tomar cuidado com a situação política atual, mas de qualquer maneira eu ainda acho que dá para visitar a Turquia. Só se planejar bem.
Diana Figueiredo diz
Adorei o post! Ainda não conheci nenhum desses países, mas tenho muitaaaa vontade. E segurança, de fato, é minha grande preocupação.
Edson Amorina Jr diz
Para nós acostumados com o Brasil é bem seguro. É só se planejar bem, para alguns tours contratar agência e ir.
Giulia Sampogna diz
Eu sempre tive a mesma dúvida em saber como era e se era seguro. Muito bom e esclarecedor seu post. Quero conhecer esses lugares também.
Edson Amorina Jr diz
Se você se planejar bem e estudar o roteiro direito é seguro sim. E são lindos.
Naiara diz
Um país muçulmano é sempre uma experiência marcante. Vamos ver se em 2017 finalmente tenho uma dessas!
Edson Amorina Jr diz
Sim! E conseguir fazer bastante Instagram Stories (acabei desistindo no snap… 🙁 )
Mariana Aguirre diz
Gostei bastante do post! Tenho muita vontade de conhecer esses lugares, mas sempre fico ponderando a possibilidade de, enquanto mulher, aproveitar uma viagem sozinha.
Edson Amorina Jr diz
Eu acho que se você for sozinha vale a pena pesquisar mais alguns riscos, mas o mesmo pode ser dito para mulheres que vão para o Brasil, né? Então não precisa ter tanto medo, é só se planejar.
Vaneza Narciso diz
Realmente estas questões passam pela minha mente ao planejar uma viagem assim. Até o momento é um grande desejo, mas não sei se tenho a coragem necessária para colocá-lo em prática.
Excelentes colocações.
Edson Amorina Jr diz
Olha, a gente foi em família e com uma filha pequena, não vejo por que não ir. Claro que todo país tem suas regras, leis e cultura. Mas é só estudar bem antes e ir.
Katarina Holanda diz
Que post interessante, Edson! Eu ainda não tive oportunidade de visitar países muçulmanos, mas tenho muita vontade. Claro que têm muuitas diferenças, mas é bom conteúdo esclarecedor assim pra evitar preconceitos, especialmente em relação à segurança.
Edson Amorina Jr diz
Sim, vá sem preconceito, nós do Brasil ainda temos a “vantagem” de já estarmos acostumados com riscos a segurança, de resto… é só abrir a mente e se cuidar.
Keul Fortes [Turistando no Mundo] diz
Seu post esclareceu muitas dúvidas viu? Parabéns por ele e obrigada por compartilhar! Ainda não conheci nenhum, apesar de ter vontade de conhecer.
Edson Amorina Jr diz
Olha, vale a pena visitar sim, por mais que ainda os nossos jornais e revista tentem por medo, é só se cuidar e ir.
Ana Paula Fidelis diz
Muito interessante e informativo o post, Parabéns! É sempre muito legal aprender sobre outras culturas! 🙂
Lucas Nascimento diz
Riquíssimo o conteúdo. Tive o prazer de presenciar tudo isso quando fui à Cashemira
Parabéns!!!!
Edson Amorina Jr diz
Você para um lugar com muito mais risco de conflito, né? Voce escreveu sobre?
Adriana Magalhães Alves de Melo diz
Muito bom seu post, Edson. Explica tudo!!!
Vou compartilhar agora! Vou criar a rotina de compartilhar pelo menos 5 posts do mês do nosso grupo dos pequenos.