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Crítica da HQ “Tungstênio (2014)” de Marcello Quintanilha

Tungstênio Marcello Quintanilha

Tungstênio (2014) de Marcello Quintanilha, roteirista e desenhista, é uma história em quadrinhos cuja trama se passa em Salvador, capital do Estado da Bahia, e acompanha quatro personagens principais, um policial e sua esposa em crise no casamento, um sargento aposentado e um pequeno traficante.

O livro foi premiado no 43º Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, o mais importante da Europa, na categoria policial. E também está em adaptação para os cinemas pelo diretor Heitor Dhalia, conhecido pelo filme “O Cheiro do Ralo“.

Além da crítica escrita, eu falei um pouco sobre ele também no Youtube.




 

Já fazia tempo que havia ouvido ou lindo sobre Tungstênio e, principalmente, pela qualidade dos trabalhos de seu autor, o Marcello Quintanilha, porém não tinha tido nem a oportunidade ou iniciativa de ler.

Neste ano, em viagem para o Brasil, eu resolvi comprar algumas Histórias em Quadrinhos nacionais. Não só de autores brasileiros, mas que também se passasse em alguma cidade (imaginada ou real) do país. E novamente tive a indicação desta obra, que agora não deixei passar.

O primeiro impacto ao abrir o gibi é ver que seus personagens não são desenhados como os heróis americanos ou mesmo dentro de uma visão européia. Somos apresentados a pessoas reais, brasileiras, que encontramos no ponto de ônibus, na praia, na praça. E seus diálogos reforçam essa sensação de intimidade, pois, por mais que estejam recheados de gírias e especificidades baianas, nos é presente, nos é próximo.

Sua trama é simples, porém a maneira em que o roteiro é montado, remete a uma mistura de Tarantino, pelo uso de flashbacks e situações gráficas (violentas ou não), e pela crueza de um Almodóvar.

Aqui eu assumo que não consegui terminar o livro em um única leitura, pois foi necessário parar para respirar e “assentar” o pensamento. O que acho, inclusive, que fez bem para a apreciação da obra.

Porém o que mais me surpreendeu foram os ângulos, do tempo e uso da linguagem de quadrinhos, como onomatopeia, de maneira fluída na condução narrativa. Em uma luta em específico, o uso da “câmera lenta” e letras gritantes, como BANG, TUNC e OUTCH, é feito maneira extraordinária! Não vejo a hora de sua transposição para o cinema.

Inclusive não dá para não ler o livro e não imaginá-lo numa sala de cinema.

Sobre seu nome Tungstênio, não há uma explicação, ficando livre para interpretações. Ao pesquisar seu significado, achamos na química que ele está relacionado ao elemento mais pesado conhecido e eu consigo associá-lo ao próprio peso da vida. Sem maniqueísmo, sem a clara distinção do bem e do mal, onde nem toda decisão é a acertada… onde o mais importante e o mais difícil é a relação humana.

Capa da Edição da Veneta




fonte: https://omelete.uol.com.br/

 

 

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